Porque os médicos estão proibindo o consumo de leite de vaca?

A recomendação de consumir leite de vaca para se ter uma vida mais saudável, com a prevenção de doenças crônicas, como a osteoporose, e como um alimento essencial para as crianças, parece perder cada vez mais adeptos. Muitos estudos científicos, médicos, nutricionistas, e demais profissionais da saúde, já não corroboram com essa afirmação e trazem argumentos que comprovam as suas colocações contra o consumo de leite e seus derivados. Em 2011, a Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas do mundo, começou a propagar uma espécie nova pirâmide alimentar, onde restringia o consumo do leite. Isso se deu por conta de pesquisas que associavam o consumo de leite com câncer de mama e próstata. Em 2013, o médico Dr. David Ludwig levou a questão mais adiante e ampliou a discussão. Segundo seu artigo, publicado no Jornal Medical Association Pediatrics, os seres humanos não têm nenhuma exigência nutricional de consumo de leite animal. O cálcio, gordura e vitaminas podem ser encontrados em outros alimentos, e que estes não apresentam os possíveis riscos que o leite apresenta. Os malefícios do leite não-humano
Citarei alguns dos principais pontos que esses estudos apontam. O primeiro é que o leite industrializado e com baixo teor de gordura apresenta uma quantidade considerável de açúcar, que é adicionado durante o processo de extração da gordura do leite. Esses açúcares podem ser danosos a longo prazo. Os cientistas ainda apontam que os humanos não possuem as mesmas necessidades nutricionais do bezerro, para se ter que beber o leite da vaca. O consumo de um alimento preparado para um animal diferente do homem pode causar um choque em sua digestão e absorção, podendo trazer alguns incômodos, sejam a curto ou longo prazo.

Apesar do crescente número de pessoas contra o consumo do leite não-humano, ainda há os que se posicionam ao seu favor. A afirmação de que o homem é o único animal que bebe leite depois de crescido, não parece ser um argumento forte para alguns, que rebatem afirmando que isso se deve pelo fato do ser humano ser também o único animal que desenvolveu a agricultura e pecuária. Também é o único que cozinha feijoada, que joga futebol e faz cálculo matemático. Outros apontam que não há esse exagero na aplicação de hormônios a antibióticos. E, que mesmo que sejam administrados, existe um tempo para que essa vaca volte a oferecer o seu leite para o mercado.

As visões que discordam acerca do consumo de leite não-humano têm não só pontuado, como também comprovado que realmente essa questão merece um cuidado e atenção maior. Mais estudos continuam em processo de andamento, levantando cada vez mais adeptos contra o leite não-humano. Apesar da propaganda da indústria no tocante a todo o cuidado no processo de sua fabricação, temos a consciência de que as coisas hoje não são mais como antigamente, e a tecnologia e novos processos para acelerar a produção, aumentar a produtividade e deixar o alimento mais bonito e saboroso, tem afetado a sua qualidade e originalidade, seja para melhor ou para pior. A sugestão de Harvard de consumir leite e seus derivados com moderação parece ser a melhor opção por enquanto, mas novos e maiores estudos serão fundamentais para avaliar o real impacto do leite na saúde do homem.

Jeferson Machado Santos.
CRF-SE: 658.
Farmacêutico pela Universidade Federal de Sergipe - UFS.
Habilitação em Bioquímica Clínica pela Universidade Federal de Sergipe - UFS.
Especialista em Administração de Empresas pela FIJ-RJ.
Especialista em Farmacologia e Interações Medicamentosas pela Uninter-IBPEX.
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