Gestante, com morte encefálica, tem parto realizado e família autoriza doação de órgãos
O caso é considerado raro no mundo. No Brasil, existem relatos de apenas cinco casos na literatura científica.
Na última quarta-feira, dia 8, ocorreu o parto de uma gestante de 20 anos, cuja morte encefálica foi confirmada em abril. Este é o primeiro caso registrado no estado e é considerado uma ocorrência incomum, com apenas cinco casos semelhantes documentados na literatura científica brasileira. Além do parto, também foram realizadas doações dos órgãos da paciente.
O caso teve início quando a jovem K.L.D.S, 20 anos, grávida de aproximadamente 22 semanas, deu entrada no Huse no dia 17 de abril, com uma grave lesão no crânio provocada por arma de fogo.
Após a constatação da morte encefálica, a equipe do hospital iniciou outro processo desafiador para garantir a continuidade da gestação e salvar a vida do bebê.
“Ao percebermos a gestação, verificamos a viabilidade fetal e fizemos um esforço conjunto de toda a equipe para que, além da manutenção dos sinais vitais da mãe, pudéssemos manter a gestação até o momento em que fosse viável realizar o parto. A paciente chegou aqui com 22 semanas e saiu praticamente com 26, faltando apenas um dia”, explicou o coordenador do eixo crítico da unidade, o médico José Edvaldo.
Parto
Com parto previsto para a quinta-feira, 9, a paciente apresentou alterações nos exames de ultrassonografia e a equipe médica do Huse decidiu antecipar o procedimento para quarta-feira, 8, após a realização de protocolos específicos para garantir a segurança da mãe e do feto.
Com o apoio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe), a paciente foi transferida para a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), considerada referência em partos de alto risco. A criança nasceu prematura de 26 semanas, de parto cesárea e pesando 580 gramas. Apesar da prematuridade, não houve nenhuma disfunção.
“Todo nascimento é uma emoção, uma renovação de vida. A bebê nasceu bem, está estável e foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A criança foi amparada por toda equipe da maternidade e esperamos que continue saudável”, enfatizou a pediatra e neonatologista da MNSL, Flávia Batista.
Doação de órgãos
O caso assistido pelo Huse é ainda mais raro porque, além de ser uma paciente com quadro de morte encefálica fechado, foi possível a preservação de órgãos graças ao trabalho desenvolvido pela equipe médica, permitindo a captação de órgãos com destinação prevista para os estados de Pernambuco e Ceará.
“Disponibilizamos os órgãos para a Central Nacional de Transplantes e foi aceito o fígado para Pernambuco. Então, a Força Aérea Brasileira disponibilizou uma aeronave para levar esse fígado para Recife. Já os rins, após a elaboração da logística, será possível a destinação do rim esquerdo para o Ceará e o direito também para Pernambuco. As córneas serão transplantadas aqui mesmo em Aracaju”, informou o coordenador da Central de Transplante de Órgãos de Sergipe, Benito Fernandez.
Foto: Flávia Pacheco
Fonte: SES/SE
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