Entenda o que é o Discord, aplicativo usado por criminosos para abusar violentamente de menores de idade

No último domingo (25), uma reportagem exibida no Fantástico, programa da Rede Globo, acendeu um alerta aos pais em relação a um aplicativo desconhecido por muitos: o Discord. Popular entre os jovens, o aplicativo tem gerado preocupação em relação ao conteúdo violento exposto aos usuários, como importunação sexual, vídeos de incentivo à automutilação, crueldade contra os animais e até mesmo pedofilia.

A matéria do Fantástico abordou como uma quadrilha abusava violentamente de meninas menores de idade através do Discord. Segundo a reportagem, as crianças eram violadas, chantageadas, expostas e catalogadas, tendo em vista que um dos criminosos possuía diversos aparelhos de armazenamento com pastas contendo conteúdos de nudez e até automutilação das vítimas.

Elas eram obrigadas a escrever o apelido dos agressores no corpo com lâminas, para não ter fotos intimas expostas ou enviadas aos pais. As pastas eram organizadas com o nome de cada uma das meninas.

O programa ainda mostrou que os crimes não se limitavam apenas ao mundo virtual. Um episódio de abuso sexual físico aconteceu com uma das vítimas, uma menina de 13 anos, moradora de Joinville, em Santa Catarina, que foi convencida a viajar em um carro de aplicativo até São Paulo.

Na capital paulista, a jovem ficou em uma residência junto a outros adolescentes que também fugiram de casa. No local, sofreu agressões físicas e foi estuprada.

Afinal, o que é o Discord?

Discord é uma plataforma digital que foi lançada em 2015 e é focada em chat de voz e texto. Além disso, o aplicativo possui outras funções, como criação de canais, de servidores, chat de voz em grupo, chamada em vídeo individual ou em grupo, jogos e instalação de bots.

O app é popular entre o público gamer, crianças e adolescentes e atualmente tem 140 milhões de usuários ativos.

Quem usa o Discord?

Na Apple Store, a classificação etária para o Discord é de 17+. Enquanto isso, no Google Play Store, é classificado para “Adolescente”. Em seu site, a plataforma afirma que quer “ajudar a garantir que menores não sejam expostos a conteúdo impróprio para eles”. Mas sabe-se que, na era digital, crianças e adolescentes ainda tem acesso e o utilizam de forma inadequada.

De acordo com especialistas em segurança digital, existem riscos de segurança associados ao uso do Discord pela falta de regulamentação. Como na rede usuários podem conversar por texto, voz e vídeo, os menores de idade correm o risco de serem expostos a conteúdo ou linguagem inadequados.

Além do mais, especialistas ainda consideram que um dos principais riscos é o contato de crianças e adolescente com predadores sexuais e/ou grupos extremistas para aliciar jovens e promover ideologias que excitem ódio e violência.

O Discord é seguro?

Na reportagem do Fantástico, o Ministério Público de São Paulo informou que está investigando, além dos agressores, se o próprio Discord é seguro ou não para os usuários.

"Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataque e vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime", disse Danilo Orlando, promotor de justiça de São Paulo.

O porta-voz da ferramenta disse, em entrevista ao programa global, que o Discord não tolera este tipo de comportamento. "Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mal e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”.

Ainda durante a entrevista, o responsável por investigar o caso, o delegado Fábio Pinheiro Lopes, fez uma alerta para os pais e ressaltou alguns cuidados que devem ser tomados. "A gente espera que os pais conversem preventivamente, busquem se os filhos têm alguma lesão, se ficam muito tempo dentro do quarto. O diálogo é importante", afirmou.

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