Personagens de Itabaiana: Félix Diniz Barreto (1846-1904).


Poucos sabem em Itabaiana quem foi Félix Diniz Barreto. Para defini-lo de modo simples diria que foi um mestre insigne e venerado, um homem que dedicou longos anos de sua existência à causa da educação. No século XIX, atuou como Professor, a mais nobre das profissões; lutou pela defesa de ideais nobres de servir ao próximo através da instrução. Ano de 1846, na cinzenta vila de Santo Antônio e Almas de Itabaiana, Dona Mariana Joaquina de São José Barreto colocava no mundo o filho mais destacado do professor Antônio Diniz Barreto. Mariana moldou, como boa mãe cristã, o caráter do pequeno Félix. O pai do menino era o renomado professor de Latim da Vila de Itabaiana (1841-1852), poeta nas horas vagas e grande exemplo para o filho por seu jeito arrojado e corajoso de denunciar as mazelas sociais do seu tempo. Assim, o branco Félix vinha ao mundo em 21 de junho de 1846. O seu pai era irmão do padre Félix Barreto de Vasconcelos, vigário da Paróquia de Santo Antônio e Almas de Itabaiana (1841-1852). Sua trajetória de vida em Itabaiana teve como ponto importante os estudos iniciais, as chamadas primeiras letras. O jovem Félix Diniz Barreto viveu uma infância mágica em Itabaiana. Olhava à sombra da mítica Serra de Itabaiana para ver se achava o tão propalado e misterioso "Carneiro de Ouro". Saiu de Itabaiana no esplendor de sua mocidade para Recife, caminho procurado por muitos sergipanos do final do século XIX, a exemplo de Tobias Barreto e uma leva de sergipanos. Todo o curso de humanidades fez em Pernambuco sob os cuidados do seu tio, Padre Félix. Trazia do berço a vocação para o magistério. Ao retornar à província natal dedicou-se ao magistério. Como Itabaiana não valorizava a instrução, teve que residir em Aracaju. Era um estudioso aplicado e se distinguia pelo conhecimento em língua latina. Escolheu o magistério como profissão. Foi lente da cadeira pública de português, aritmética e francês em Estância e Catedrático de Latim na principal instituição de ensino de Sergipe, o Ateneu Sergipense, e de Pedagogia na Escola Normal, em Aracaju. Nomeado professor de francês da Escola de Agricultura em Recife, mas não chegou a exercer. Serviu como empregado na tesouraria provincial como 2º escriturário em 25 de outubro de 1872 e em maio desse mesmo ano amanuense da seção incumbido do serviço de estatística da população da província. Foi em Aracaju, membro da intendência municipal (cargo equivalente hoje a vereador), secretário do governo da junta governativa e, em seguida, secretário da Diretoria Geral da Instrução Pública. Conseguiu se eleger deputado estadual em 1892, re-eleito para o biênio de 1894-1895. Foi poeta. Sua obra caracterizava-se pelo estilo bem humorado e satírico. Escreveu um número razoável de artigos na imprensa de Aracaju, em especial nos jornais. Como jornalista dirigiu O Porvir, jornal literário e educativo, e redigiu o Correio de Sergipe, juntamente com valorosos intelectuais como Alfredo Montes, Prado Sampaio e outros. Sua principal obra foi o "Namoro Gramatical (por meio de cartas)", publicado no jornal aracajuano O Raio entre os anos de 1880 e 1881, obra que infelizmente encontra-se inédita e que, em minha opinião, é um atestado vivo da sua lúcida inteligência. Faleceu em Aracaju a 18 de dezembro de 1904, com as devidas homenagens por parte de uma geração de aracajuanos que ele ensinou. A única homenagem prestada a esse homem em Itabaiana é o nome da escola municipal do povoado Várzea do Gama II. Referências bibliográficas CARVALHO, Vladimir Souza. A República Velha em Itabaiana. Aracaju: Fundação Oviedo Teixeira, 2000; GUARANÁ, Armindo. Diccionario bio-bibliographico sergipano. Rio de Janeiro, RJ: s.n., 1925. P.86 RIBEIRO, J. Freire. Discurso pronunciado pelo acadêmico J. Freire Ribeiro, na passagem do centenário do professor Felix Dinis Barreto, na sessão solene do "Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe". Revista da Acadêmia Sergipana de Letras. Aracaju, n. 12, 1947. p. 46-57.
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