54 médicos pedem demissão do Hospital da Criança em Aracaju após denúncias de irregularidades

A crise no Hospital da Criança Dr. José Machado de Souza, em Aracaju, ganhou um novo capítulo: 54 médicos pediram demissão depois de relatarem ameaças e irregularidades envolvendo a empresa responsável pelos contratos de trabalho. A denúncia foi formalizada pelo Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) junto ao Ministério Público Estadual (MPE).
De acordo com o sindicato, a gestão feita pela Irmandade Boituva e a empresa Centro Cardio Serviços Hospitalares é alvo de questionamentos que vão desde contratos informais até pagamentos feitos por Pix diretamente em contas pessoais. Além disso, há suspeitas de que os CNPJs utilizados não tenham vínculo real com atividades de saúde.
Segundo o presidente do Sindimed, Helton Monteiro, parte dos profissionais relatou ter sido ameaçada para assinar contratos com a empresa sob pena de substituição por médicos de outros estados.
“Já são 54 pediatras que pediram demissão. Outros relatam sentir-se ameaçados, especialmente os que atuam em setores críticos do hospital”, afirmou Monteiro.
O sindicato argumenta que a situação cria um ambiente de insegurança e precarização do trabalho médico em uma unidade essencial para o atendimento infantil.
A denúncia também chama atenção para os endereços vinculados aos CNPJs usados nos contratos: um deles corresponde a uma loja de frutos do mar em São Paulo e outro a um escritório virtual de contabilidade, sem relação direta com serviços médicos.
O que diz a gestão
Em nota, a Irmandade Boituva rebateu as acusações. Afirmou que a escala médica do hospital segue “regularizada” e que o atendimento à população não será prejudicado, já que profissionais que não aceitarem o contrato poderão ser substituídos.
A entidade também justificou os pagamentos via Pix, alegando que fazem parte de um contrato de Sociedade em Conta de Participação (SCP), modalidade prevista no Código Civil que não exige a mesma formalidade de outros vínculos. Ainda segundo a nota, os médicos receberão declarações de rendimentos para a Receita Federal, e, a partir de outubro, todos deverão ser contratados como Pessoa Jurídica (PJ), modelo já adotado em outros serviços de saúde no estado.
O MPE confirmou que recebeu a denúncia e deve analisar a documentação para decidir sobre eventuais medidas. Enquanto isso, o hospital, que atende grande parte da demanda pediátrica de Aracaju, segue em meio à incerteza quanto à manutenção de sua equipe médica.
Por Redação
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