De quem é esse território? Oito municípios de Sergipe passam por atualização nos limites

Oito municípios de Sergipe estão enfrentando processos de alteração em seus limites territoriais. A atualização do acervo cartográfico estadual, conduzida pela Secretaria Especial de Planejamento, Orçamento e Inovação (Seplan), foi realizada após a publicação da nova malha territorial do país pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A revisão já resultou na atualização das divisas entre Nossa Senhora da Glória e seus vizinhos Monte Alegre, Gararu, Graccho Cardoso, São Miguel do Aleixo e Feira Nova. As modificações são pequenas, variando entre 500m² e 4 km², e afetam regiões pouco habitadas. Segundo a subsecretária estadual de desenvolvimento regional e gestão metropolitana, Danilla Andrade, essas áreas já eram administradas pelos respectivos municípios, e agora a oficialização cartográfica será formalizada.

Entretanto, uma mudança mais significativa ocorre em Poço Redondo, o maior município em extensão territorial de Sergipe. A cidade pode perder aproximadamente 145 km² para Canindé de São Francisco, uma alteração que está sendo contestada na Justiça. O geocientista da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Júlio César Vieira, alerta para os impactos significativos da mudança, que incluem perdas de receita e redução no número de vereadores, já que a população afetada pode chegar a 5.500 pessoas. Para efeito de comparação, essa área representa quase a totalidade do território de Aracaju, que possui 180 km².

Outro caso de disputa territorial envolve Aracaju e São Cristóvão. Em novembro do ano passado, a Justiça Federal determinou que o IBGE corrigisse os limites geográficos entre os dois municípios, após uma ação movida pela Prefeitura de São Cristóvão. A área em questão equivale a aproximadamente 20 km² e engloba sete bairros da capital sergipana: Mosqueiro, Matapoã, Areia Branca, São José dos Náufragos, Santa Maria, Marivan e Jabotiana.

A possibilidade de mudança na administração territorial gerou protestos por parte dos moradores das áreas afetadas, que temem impactos na prestação de serviços públicos e na arrecadação municipal. A Seplan informou que o caso segue em discussão judicial, sem previsão de desfecho.

As mudanças territoriais em Sergipe refletem a complexidade do planejamento geopolítico e seus impactos diretos na vida da população, desde a administração de serviços públicos até a representatividade política e a distribuição de receitas municipais.

Por Redação